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Blog Na saúde e na doença?

Na saúde e na doença?

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Caro leitor, se os caminhos o conduziram a estas linhas, haverá uma elevada probabilidade de fazer parte de um pequeno grupo da população que se interessa pelo tema dos seguros. Se não for esse o caso, convido-o ainda assim a ler o que resta deste texto, na expectativa de que possa ficar melhor informado sobre as razões e consequências dessa distância que se criou. Neste contexto, debrucemo-nos sobre dois fenómenos que me parecem merecer um pouco da nossa atenção.

1. O que os académicos denominaram um dia de “informação assimétrica” diz-nos que, nas relações humanas, as partes envolvidas não dispõem em muitos casos dos mesmos dados para tomarem as suas decisões. No momento em que Alice diz sim, sucumbindo aos avanços de José para uma vida a dois sob o mesmo teto, tem menos informação que o seu companheiro relativamente ao compromisso e reais capacidades de José para tratar da roupa, da loiça e de outras obrigações domésticas. Da mesma forma que o comprador de um automóvel em segunda mão não conhece tão bem o estado da máquina como a pessoa que a está a vender. A falta de conhecimento traz incerteza e risco, mas a aquisição do conhecimento requer um tipo de investimento que nem sempre estamos dispostos a assumir.

2. O nosso cérebro é coabitado por sistemas diferentes, uns mais orientados para a satisfação de necessidades básicas e de retribuições de curto prazo; outros mais racionais e que nos permitem uma interpretação mais ponderada e mais estratégica das coisas. Sem uma estrutura mental bem preparada para lidar com os conflitos constantes entre os ditos sistemas, as tentações para privilegiarmos o hoje sobre o amanhã são enormes, mesmo sabendo nós que a construção de um futuro risonho implica ter que hipotecar por vezes uma parte do presente. Exemplo: por muito que quem tenha uma casa para arrendar saiba que viverá melhor sem um cenário de guerra com o inquilino, que mais cedo ou mais tarde dará pelas falhas do esquentador e do teto da sala que pinga quando chove, é grande a tentação de fechar de forma rápida e conveniente o contrato de arrendamento, mostrando apenas o melhor ângulo da casa. Nem sempre fazemos a coisa que sabemos ser a mais acertada.

Em suma, no íntimo sabemos bem que os bons contratos dão trabalho, embora nem sempre façamos o que reconhecemos ser preciso fazer para que as coisas saiam bem feitas. Os seguros não são excepção. Tal como nas uniões e matrimónios, seguradores e segurados, percebendo que do outro lado está alguém apostado em mostrar o seu melhor lado, devem procurar conhecer-se realmente bem e saber o que cada um tem para oferecer à relação. Importa por isso lutar contra a tentação de seguir por atalhos, evitando as perguntas incómodas ou desviando toda a nossa atenção e tempo para outros assuntos mais chamativos mas nem sempre tão importantes. Quando avançamos sem saber exatamente o que estamos a comprar, inevitavelmente algumas verdades acabarão por emergir sob a forma de problemas, trazendo desilusão, discussões acesas e não raras vezes custando uma fortuna. Tal como nos divórcios. Conheçamo-nos melhor!

 

Por Ricardo Azevedo, Diretor Técnico

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