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Trocar a Subscrição de Seguros por Bolachas

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De um modo geral, o interesse das pessoas pelo universo dos seguros parece não acompanhar o peso e importância do setor na sociedade e na economia, ficando à tona da água a ideia de um certo desconhecimento das suas características e dinâmicas. Não tive um único colega de faculdade que sentisse o desejo de ingressar nos seguros no final da licenciatura e menos provável ainda será encontrar por aí alguém que aos vinte anos diga que quer ser subscritor, para citar uma das funções clássicas da atividade que está mais próxima da minha realidade pessoal. Torna-se por isso relevante o objetivo de humanizar um setor, de si, muito fechado e dado a critérios e linguagem técnicos, como forma do mesmo se fazer compreender e envolver mais os cidadãos.

Recordo que durante muito tempo imaginei que os seguros seriam aos olhos de uma criança uma atividade tão enfadonha como difícil de compreender, fazendo-me sentir alguma inveja dos progenitores que ganham a vida a fazer coisas inteligíveis como arranjar pópós ou curar dói-dóis. Até que um dia uma colega me contou que havia explicado a noção de seguros à sua filha da seguinte maneira: “Dá-me bolachas das tuas e se um dia estragares ou perderes a tua boneca favorita, eu compro-te outra igual.” Uma abordagem tão simples quanto deliciosa, sobretudo tendo em conta a parte das bolachas, pensei eu. E a subscrição? Pode ser igualmente simples o desafio de explicar aos miúdos a função do papá?

Sim, o subscritor não é mais do que a pessoa a quem cabe a função de definir as regras do jogo, decidindo, entre outras coisas, quantas bolachas são necessárias para chegar a acordo, se fica combinado que uma boneca atirada pela janela do carro dá direito a ida à loja para comprar uma nova ou, no caso de haver lugar a compra de boneca nova, se a criança tem que contribuir ou não com algumas moedas do seu mealheiro. Mais, o bom subscritor consegue inclusivamente identificar oportunidades vantajosas para ambas as partes: “Maria, por mais duas bolachas, o pai promete-te que vai logo buscar a boneca a casa de uma das tuas amiguinhas, se um dia te esqueceres lá dela. Quatro bolachas, para o caso de ser uma das tuas amiguinhas que mora no outro lado da cidade.“.

E o futuro, trará novidades? O progresso tecnológico e o advento da inteligência artificial fazem adivinhar que uma parte do trabalho atual da subscrição possa ser substituída por computadores, da mesma forma que outras tarefas que no passado eram realizadas pelo Homem, hoje já são efetuadas pela máquina. A realidade futura é de algum modo difícil de prever, embora a leitura e interpretação da História nos forneçam algumas pistas, nomeadamente a de que a tecnologia abre muitas vezes espaço para novas realidades que continuam a justificar a intervenção humana, ainda que em contextos diferentes. Os seguros parecem manter, no tempo atual, uma conotação forte com o tema da confiança, por enquanto muito assente nas relações humanas.

Retomando a linguagem de pais e filhos, uma criança sabe instintivamente que pode procurar os seus pais para, no calor de um abraço ou de uma conversa mais acesa, resolver problemas, atenuar receios ou alcançar soluções de compromisso. Pode medir empatia através da leitura dos olhos ou do tom de voz. Confia que receberá deles a devida atenção e o máximo respeito, sem que tenham que ser postas em risco aquelas bolachas preferidas que foram compradas com os dinheiros recebidos no Natal. Tem a segurança de que em caso algum se aceitará um cenário em que não tenha nada para brincar. Com linguagem de máquina o exercício complica-se. A falta de emoção, compreensão e consequentemente de confiança, tornará sempre mais difícil o desafio de aproximar as pessoas. Entre si, mas também dos subscritores e dos seguros.

Por Ricardo Azevedo, Diretor Técnico

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