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Riscos e oportunidades para o setor em 2024

mercado segurador Seguros

A atividade Seguradora, abarcando todos os setores da Economia, está exposta a uma quase infinitude de riscos e oportunidades todos os anos. Esta riqueza é muito estimulante para quem trabalha neste setor, tornando o trabalho menos rotineiro e puxando pela nossa criatividade, visão e adaptabilidade às circunstâncias.

São ciclos que por necessidade de avaliações e planeamentos tentamos encaixar nos 365 dias que compõem o ano, mas é claro que não existe essa coincidência de riscos e oportunidades com essa duração exata, não sendo por isso necessariamente anuais.

Muitas vezes confundem-se também porque a maioria dos riscos representa de alguma forma uma oportunidade de mudança e são essas organizações que os enfrentam e superam que se tornam mais resilientes do que as que não têm essa agilidade e otimismo na abordagem.

Do ponto de vista estritamente de contas anuais, o setor viveu em 2023 muito à boleia dos Resultados Financeiros, proveniente dos investimentos nos mercados, e esses resultados muito dificilmente se repetirão. As Seguradoras são os maiores investidores do mundo, recebem os prémios à cabeça e investem-nos até os devolverem sob a forma de pagamento de sinistros, sendo por isso montantes significativos e com um reflexo importante nas contas anuis. Em 2024 a inflação continua a baixar e por isso também os juros de muitos investimentos, há muito incerteza geopolítica que dificilmente permitirá aos mercados financeiros continuarem a bater novos máximos. Haverá por isso menos dinheiro no setor a vir dessa proveniência.

Do lado da gestão operacional, continuamos a assistir a um aumento grande das obrigações do lado do Compliance. O Compliance é uma coisa boa porque foca-se essencialmente na proteção dos consumidores, mas não deixa de consumir muitos recursos num mundo onde esses recursos (os humanos) são um dos principais custos da atividade. Acaba por ter também o efeito colateral de criar algumas barreiras à inovação porque lançar atualmente novos produtos ou novas abordagens é um processo com imenso escrutínio e onde se tem de pesar os riscos de Compliance numa dose bastante elevada.

Outro risco grande para as empresas, sendo para o setor no seu todo uma dificuldade para o crescimento mais rápido, é a escassez e talento. Há uma procura crescente para a especialização e uma incapacidade do setor para gerar a quantidade de talento necessária par esse aumento de procura. É um assunto que requere o esforço de todos e que, falando em riscos que podem ser oportunidades, pode e deve ser mitigado pela aceleração do investimento em IA (também ele próprio a braços com a escassez de recursos humanos nos departamentos de informática, enfim… há problemas que só mesmo o tempo consegue resolver…). A Inteligência artificial aliás tem um espetro tão alargado de possibilidades de utilização que pode mitigar vários dos problemas do setor – difícil será conter as euforias que irão acontecer neste processo de aprendizagem. 

Por fim os ataques cibernéticos continuam a representar uma ameaça a todas as empresas e as de seguros não são exceção e podem eles próprias incorrerem em riscos operacionais severos se forem alvo de um ataque bem-sucedido.

Do lado das oportunidades, a tecnologia aparecerá provavelmente e durante largo tempo em primeiro lugar. Seja a IA como referido acima e a sua possível utilização em tarefas mais técnicas que até aqui eram feitas por especialistas, seja a maior disponibilidade de dados a facilitar melhores decisões e novos produtos de nichos onde antes a sinistralidade era mais incerta, seja o desenvolvimento tecnológico a promover a proximidade com clientes e distribuidores, tudo isto resulta em maior interesse, melhor serviço e, aquilo que todos desejamos mis consumidores e mais bem protegidos.

Cresci a ouvir na TV o slogan que “os animais são nossos amigos” e, estando esse pensamento mais que consolidado na população, se calhar podemos começar agora a pensar que os robots podem ser nossos amigos!

Outra oportunidade será a consolidação no setor, com empresas mais pequenas a poder beneficiar de estruturas mais profissionalizadas se forem integradas nessas. Esse processo tem sido feito muito à custa de fundos de investimento, que trazem uma perspetiva de longo prazo mais instável, mas não deixa de ser uma oportunidade de crescimento para algumas organizações e de maior profissionalismo no setor. Quando falamos do crescimento imenso de áreas como o Compliance, riscos cibernéticos, investimento em IT, essas são de facto áreas mais difíceis às pequenas empresas, sem escala para dedicar a esses assuntos o tempo que atualmente exigem.

Por Gonçalo Baptista, Diretor geral

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