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Blog_Novos Riscos Ambientais

Novos riscos ambientais

Ambiental Seguros

Imaginemos uma empresa com o seu sistema de gestão de resíduos com controlos digitais, tal como mandam as boas práticas, com sistemas informatizados de alerta e verificação. Ao mínimo valor fora dos padrões estabelecidos, um caudal, temperatura ou nível anormal, as válvulas de controlo fecham-se, ou abrem-se, conforme a necessidade, e a normalidade é restaurada.

Agora, imaginemos que esta mesma empresa sofre um ataque informático. Pensamos de imediato no bloqueio de sistemas produtivos, em perdas de exploração e custos de recuperação do sistema. Mas, e se em vez disto o ataque apontar ao sistema de resíduos, conseguindo alterar livremente as temperaturas e as válvulas de controle?

Em regra, as empresas que sofrem ataques informáticos não são escolhidas ao acaso, pelo que neste cenário seria bastante provável a existência de um risco acrescido – um curso de água no local, uma zona protegida contígua, ou mesmo um armazém repleto de produtos inflamáveis.

Caso o ataque informático não consiga ser travado e exista mesmo um incidente ambiental, arriscaria prever que as consequências deste ataque seriam bem mais perniciosas para a empresa do que as perdas de exploração da sua atividade – mesmo sem considerar os danos reputacionais.

Mesmo que não tenha sido afetada por qualquer ataque cibernético, a mesma empresa continuará sujeita a outros riscos, antes inexistentes ou irrelevantes mas que hoje são uma ameaça séria, para esta empresa como para qualquer outra.

Sem que haja qualquer intrusão nos seus controles, o próprio ciclo de aproveitamento e reutilização da água que hoje é comum nas empresas veio trazer perigos acrescidos para a saúde pública, potenciando o perigo e o impacto de surtos microbianos, bacterianos ou fúngicos. O aumento das águas paradas, em tratamento, tem contribuído para o aumento recente de casos com vítimas humanas.

Mesmo sem ataque informático ou tratamento de águas, a localização da empresa pode representar um risco acrescido. Existem hoje em Portugal 63 zonas susceptíveis a inundações graves. Ao mesmo tempo, ardem todos os anos quase 140 mil hectares. São mais de 2200 incêndios por ano, que tornam Portugal o país mediterrânico que mais arde, com o dobro dos incêndios do segundo classificado, a Espanha. E registam-se novos picos de temperatura praticamente a cada ano, ameaçando qualquer zona de armazenamento com produtos mais susceptíveis.

Sabia que os danos ao ambiente que resultem destes produtos poderão ser da responsabilidade da empresa, mesmo que tenham uma causa totalmente externa, como a subida de caudal de um rio, ou um incêndio florestal incontrolável?

Em qualquer um destes casos, a lei pode determinar uma responsabilidade objetiva, independente da culpa do operador, fazendo com que seja este o responsável pelas medidas de contenção e reparação dos danos ao ambiente.

Em qualquer um destes casos, se o património da empresa não for suficiente para assumir todas as responsabilidades, então poderá responder o património pessoal dos respetivos diretores, gerentes ou administradores, definidos pela lei como devedores solidários com a empresa.

Um dos maiores benefícios e particularidades do seguro de responsabilidade ambiental é precisamente assumir esta responsabilidade pela causa incerta, pelos incidentes que poderão vir amanhã, mesmo sem culpa do operador. Ao mesmo tempo, protege terceiros, protege o ambiente, protege o futuro da empresa, os seus trabalhadores e os seus responsáveis.

Por, Eduardo Félix, Responsável de Subscrição de Responsabilidades & Specialties

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