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E depois do estado de emergência?

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Estamos todos a pensar como será o depois. Há a tentação de pensar que nada será como dantes. Que acabou a inevitabilidade do ritmo frenético, do stress, da competitividade que nos leva a querer chegar mais longe todos os dias. Que o que dávamos como certo se eclipsou num fechar de olhos. E que vamos ter uma vida mais equilibrada para as nossas necessidades em várias dimensões e não apenas na do trabalho.

Há apenas semanas atrás, gestores de empresas reuniam-se para analisar números. As vendas estão assim ou assado, os SLA’s falharam, os KPI’s importantes são estes, o EBITDA cresceu, o PER das nossas ações está caro. Números e números e mais números a comandar as nossas vidas impelindo-nos para alcançar sempre mais e melhor. Hoje reúnem-se para assegurar que as pessoas e família estão bem, que têm boas condições de trabalho. Os números são maus mas continuamos a assobiar para o lado porque “é normal” nesta altura em que isso não é o mais importante. Mas porquê só nesta altura? Afinal o que é o melhor nas outras alturas? A humanidade vive com mais dinheiro e mais bens mas seremos mais felizes do que os nossos antepassados?

Esta travagem a fundo a que assistimos teve pelo menos o condão de nos fazer ver que existe uma alternativa. Nalgumas atividades podemos trabalhar de casa de forma eficiente? Sim. Podemos interromper o trabalho para estar com os nossos filhos e gerir o horário de forma mais conveniente? Sim. Podemos trabalhar com menos reuniões? Definitivamente sim. Provavelmente tudo isto nos afeta um pouco os nossos tão queridos números mas ao invés afeta também positivamente outras coisas tão ou mais importantes.

Talvez daqui a semanas ou meses esteja tudo igual outra vez e a pressão de recuperar os números agora perdidos nos faça sprintar ainda mais forte. Certamente que há realidades muito díspares e quem o vá fazer até por uma questão de sobrevivência: recuperar será, nalguns casos, o imperioso para não fechar portas. Mas há uma maioria crescente de trabalhadores na área dos serviços feitos em escritório. Somos cada vez mais e podemos mudar o paradigma de milhões de pessoas em todo o mundo em torno de um modo de vida mais equilibrado. Há muitos colaboradores que comentam que acabam por trabalhar mais horas na quarentena mas não se importam com isso porque gerem-no ao seu ritmo.

Não podemos passar de um extremo ao outro, as organizações e as pessoas não estão preparadas para isso. Os seres humanos evoluíram muito pouco em milhões de anos mas a realidade que enfrentam mudou imenso, a um rimo frenético, tornando-a incomparavelmente mais complexa. Como empresário tenho de admitir que o extremo oposto traz também problemas para os quais ainda não temos resposta: um modelo em que as pessoas são avaliadas exclusivamente por resultados e onde há mecanismos para fazer essa avaliação, sem necessidade de saber se houve ou não esforço. Aprendemos que devemos recompensar os outros e as crianças em particular pelo esforço, não pelos resultados. Como inverter então 180º de um dia para o outro? Como dizer aos nossos filhos que não têm de estudar se tiverem 5 a tudo?

Como em quase tudo na vida, o equilíbrio será a resposta. Na Innovarisk já tínhamos aliás começado esse caminho antes do Covid 19, proporcionando que alguns colaboradores trabalhem alguns dias desde casa. Estamos agora a aprender a fazê-lo melhor: fazemos videochamadas sem estar preocupado se o colega está online, ligamos mais, nem que seja para perguntar ao colega como está, uma espécie de café (virtual), esse hábito tão português. Manter o contacto é essencial e antes fazíamo-lo menos quando estávamos em teletrabalho.

Vamos todos fazer um esforço para não perder estes bons hábitos, provocando ambientes de proximidade que alimenta a energia positiva e a passagem de conhecimento – dois importantes carburadores da evolução das organizações. O Covid obrigou-nos a parar para pensar, vamos agora aproveitar o de bom que o desafio trouxe? A resposta está apenas nas nossas mãos, não há desculpas. Mas temos de estar preparados para o reverso da medalha: se não cuidamos dos números, os mesmos vão ser piores, afetando produtividades, salários, rendimentos em geral. É tudo uma questão de pesar os dois lados e escolher se queremos viver com um pouco menos de bens materiais e um pouco mais do bem imaterial. Pensando bem, a escolha não deveria ser óbvia?

Por Gonçalo Baptista, Diretor Geral

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