Vivemos tempos de incerteza.
Depois de uma crise pandémica, que ainda não acabou, temos uma guerra que tem tudo para correr mal.
E o que têm ambas em comum? Influenciam a nossa economia, a nossa segurança, o nosso Mundo.
Afetam igualmente o setor Financeiro e dos Seguros.
E o impacto sobre o mercado de D&O? Continuamos em Hard Market, mais ou menos controlado?
Um pouco como o mercado acionista, que vive de resultados e de rumores, o mercado do D&O vive de resultados e factos (e sim, também de rumores). A verdade é que pensávamos já nos ter livrado da pandemia para sermos confrontados com uma Guerra, que irá impactar a nossa economia das mais variadas formas. Por exemplo, com o aumento da inflação.
Se, provavelmente, os efeitos da pandemia ainda não são todos visíveis (insolvências, dificuldades financeiras, despedimentos), os efeitos da Guerra já se começam a notar, com aumentos de preço das mais variadas Commodities. Mas muitos mais se seguirão, sendo o seu impacto apenas sentido a longo prazo.
Como reage o mercado do D&O a isto?
Se antes da pandemia já se falava de um Hard Market, dada a necessidade de um ajuste de prémios face à Sinistralidade ocorrida (até mais no contexto global e não apenas de Portugal), esta veio a agravar o aumento de preços, em particular em alguns setores mais prejudicados pelo Covid e pelas restrições resultantes do seu aparecimento. Com mais uma crise em cima, a tempestade perfeita parece estar a formar-se.
Porque falo numa tempestade perfeita? Quase terminada uma crise segue-se outra, e o risco torna-se um problema global. Um risco económico grave e de dimensões ainda desconhecidas.
A verdade é que o mercado de D&O continua numa fase de Hard Market.
Não se trata apenas de existir um aumento sustentado dos prémios de seguro mas também de haver menor oferta e capacidade no mercado. Há uma seleção de riscos por parte das Seguradoras cada vez mais escrutinada: ao nível do setor, da informação financeira e do próprio historial do cliente.
Os sectores mais afetados durante a pandemia continuam a ser de difícil subscrição, e outros com maus resultados financeiros são cada vez menos vistos com bons olhos por parte das Seguradoras, já que o risco de insolvência está mais agravado pelo clima económico em que vivemos.
Algumas Seguradoras, inclusive, chegam ao ponto de colocar uma exclusão de insolvência nas apólices de D&O. Mesmo a sua aplicabilidade em termos jurídicos seja discutível não deixa de ser um espelho do momento que atravessamos.
Torna-se, portanto, fundamental que as empresas e os seus diretivos analisem os riscos que têm “em casa” e os tentem acautelar. Através de uma apólice de Seguro ou por outras vias que considerem necessárias.
Nos últimos 20 anos, talvez seja esta a altura mais importante para parar e refletir sobre isto.
Por Ricardo Pereira, Subscritor de Linhas Financeiras