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Blog - Desconfiar das probabilidades para poder respirar melhor

Desconfiar das probabilidades para poder respirar melhor

Ambiental

Qual a probabilidade de que nos próximos 12 meses se veja envolvido num acidente de viação? A menos que seja um daqueles condutores com comportamentos de risco, essa probabilidade é bastante baixa, felizmente. No caso de vir a ter a infelicidade de se ver envolvido num, dizem as estatísticas que é apesar de tudo mais provável que haja danos de pequena monta e não tanto prejuízos sérios, tanto do ponto de vista material como da integridade física. Não obstante, creio que todos vivemos um pouco mais tranquilos sabendo que a circulação rodoviária assenta na existência de um seguro que nos possa proteger quando a infelicidade das baixas probabilidades e dos altos prejuízos nos bate à porta. E mais ainda naquelas situações de muito baixa probabilidade, mas que sabemos que podem acontecer e que trazem problemas muito complexos e extremamente caros de resolver. Como um choque em cadeia na autoestrada, por exemplo.

No mundo atual existem diversos exemplos como este e particularmente em situações de risco que sejam relevantes do ponto de vista económico-social o nosso legislador tem tornado obrigatória a existência de uma proteção ou garantia financeira, como o seguro. Um desses casos é o risco de determinadas atividades poderem causar danos ao ambiente, contexto em torno do qual o mercado segurador desenvolveu as chamadas apólices de Responsabilidade Ambiental.

Ao contrário da maioria das situações de natureza obrigatória, em Portugal não existe ainda regulamentação suficiente que facilite às empresas terem uma referência concreta de valores mínimos para a constituição dessa garantia. O chamado capital mínimo obrigatório, no caso do seguro. A experiência dos seguradores permite no entanto saber que os incidentes ambientais, sendo menos frequentes que outros, quando acontecem resultam com facilidade em problemas de proporções gigantescas que a maioria das empresas não está preparada para resolver de forma autónoma, pelo tipo de conhecimentos técnicos requeridos para lidar com o assunto de forma competente e pelos custos e despesas que se geram: defesa legal, contenção do incidente e mitigação do problema, limpeza das áreas atingidas, obrigação de monitorizar e repor habitats afetados, indemnizações a terceiros…

Para bem do planeta, nem todos os incidentes têm a gravidade de Chernobyl ou da explosão da plataforma Deepwater Horizon. Mas todos os anos ocorrem inúmeros incidentes ambientais que, escapando aos holofotes dos media, assumem proporções ainda assim preocupantes. Empresas de combustíveis, indústrias pesadas ou atividades de tratamento de resíduos estão naturalmente mais expostas, mas os incidentes acontecem também em atividades como o comércio, o transporte de mercadorias ou a indústria de transformação, onde todos os dias os colaboradores iniciam a sua jornada de trabalho sem ter como muito provável que ali se possa desencadear um problema ambiental. Mas pode, e por vezes basta um derrame acidental ou uma avaria num equipamento.

Os gestores procuram servir-se dos recursos disponíveis em favor dos objetivos da empresa e tendem a preferir a previsibilidade ao risco e à volatilidade que possam comprometer o acesso futuro aos recursos e à continuidade do negócio. Obrigatório ou não, o seguro é um dos instrumentos a ter em conta na construção desse futuro.

 

Por Ricardo Azevedo, Diretor Técnico

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