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Arte e Roubo

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“O Grito” e “Madonna”, duas das composições mais importantes do famoso artista norueguês Edvard Munch, foram roubadas em 2004 do Museu Munch, em Oslo na Noruega, por ladrões armados em plena luz do dia, tendo sido recuperadas posteriormente em 2006.

Se o impacto do roubo destas obras de arte é tremendo, mais chocante é saber que nenhuma estava coberta por um seguro contra roubo.

De acordo com uma notícia da BBC da época do roubo de Munch, John Oyaas, o diretor da seguradora responsável pela cobertura da coleção do Museu Munch afirmou: “Elas não são substituíveis: não se pode comprar outro ‘O Grito’ na rua e colocar na parede. O foco está em outras questões para além do seguro. Até certo ponto, essa é uma prática comum no mercado já que estas obras de arte não são substituíveis. “

À primeira vista, o que Oyaas parece querer indicar é que este tipo de obras de arte são tão valiosas que não vale a pena segurá-las, ou dito de outra forma, ao serem infungíveis, segurá-las é um desperdício de dinheiro.

No entanto, esta perspetiva não parece ter qualquer sentido, especialmente se tivermos em conta que uma versão de “O Grito” foi vendida pela Sotheby’s em 2012 por 120 milhões de dólares. 

O museu Munch deveria ter seguro contra roubo, assim como, todos os museus, galerias de arte e coleções particulares deveriam ter seguro contra roubo. Artistas cuja arte valha quantias avultadas de dinheiro também devem ter seguro para a sua produção própria e atelier.

Se isto é assim, porque é que muitos destas instituições não têm o seu acervo seguro na globalidade?

Regra geral, por uma questão de custos. É fácil perceber que o seguro para uma coleção como a do Museu Munch, na ordem de centenas, ou mesmo milhares, de milhões de euros em obras de arte teria um prémio anual incomportável para a grande maioria dos orçamentos destes museus.

Um exemplo mais próximo: o acervo do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) tem um valor praticamente incalculável. Segurá-lo pela totalidade do capital necessário não só seria incomportável para o orçamento do museu como encontraria dificuldades do lado da oferta das seguradoras para compor o quadro necessário para garantir a 100% a coleção.

Nestes casos, o mais normal é a instituição optar por segurar um primeiro risco para fazer face a pequenas perdas que possam existir, nomeadamente ao nível do restauro necessário por danos acidentais, incêndio ou danos por água, que possam ocorrer com as peças.

O que não quer dizer que o roubo não seja uma cobertura muito importante para os museus, e imprescindível quando se realizam empréstimos.

Ao fazer um seguro, se a obra de arte for roubada,  irá receber uma indemnização que lhe permitirá, por exemplo, contratar investigadores particulares para tentar recuperá-la, divulgar o roubo ou até mesmo pagar um resgate se necessário. Ou simplesmente adquirir outras peças para a sua coleção que possam, de certa forma, colmatar a perda sofrida.

E, no fundo, é disto que trata o seguro de arte.

Por Marta Léon, Subscritora de Arte & Habitação

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